É um gênero jornalístico que tem a finalidade de ilustrar, por meio da sátira e ironia os acontecimentos do dia a dia, sempre com um viés político e social. Circulam em jornais, revistas, blogs...
Normalmente, são publicadas nas seções de artigos de opinião e cartas dos leitores, justamente por indicarem opiniões e juízos de valores por parte de quem enuncia, no caso, o chargista.
De origem francesa, “charger” quer dizer “carga”, ou seja, o uso do exagerado para representar alguma situação ou alguém de forma cômica.
A primeira charge publicada no Brasil foi “A Campanha e o Cujo", criada por Manuel José de Araújo, em 1837, em Porto Alegre. Nela, o chargista registrou o recebimento de propina pelo diretor do Correio Oficial, que era ligado ao governo. Essa charge tornou-se um ícone de denúncia contra a corrupção.
Alguns anos se passaram para que, finalmente, a charge fosse inserida no cotidiano da imprensa gaúcha. A Sentinella do Sul (1867-1869) foi o primeiro jornal gaúcho ilustrado. Suas charges retratavam a Guerra do Paraguai (1865-1870) e seus comandantes militares, além dos problemas da administração pública, como saneamento e iluminação.
Charge “A Campanha e o Cujo", 1837, de Manuel José de Araújo. Retrata o recebimento de propina pelo diretor do Correio Oficial.
A charge trouxe à tona a necessidade do público de expressar indignação e insatisfação com o governo daquela época. Esse caráter sociopolítico não mudou muito de lá para cá e continua abordando temas da atualidade.
Por isso, o chargista precisa ter conhecimento dos assuntos do momento, dos principais acontecimentos, para poder retratá-los e transmiti-los de forma objetiva. Com o uso do exagero, ele enfatiza pontos tidos como principais e faz distorções da realidade, mas não tira a veracidade.
Análise semiótica
Ao interpretarmos uma charge, precisamos compreender os significados que se escondem por trás das imagens e palavras, estar atentos às inferências e analogias para compreendê-la em sua totalidade. Se não lançarmos mão desses processos, dificilmente o conteúdo da charge será apreendido.
Como ela representa um assunto que está momentaneamente no centro das discussões da sociedade, as charges são perecíveis, isto é: podem perder sua eficácia com o passar do tempo.
Características da Charge
A charge pode vir com um ou mais personagens, geralmente figuras públicas.
Pode conter ou não legendas e balão de fala.
Aponta o exagero para provocar a vertente humorística, o riso.
O final inesperado, traz uma quebra do discurso construído na charge, para que o leitor complete-o com seu conhecimento de mundo.
2. CHARGE ANIMADA
Com a popularização da internet e das redes sociais, a charge ganhou um novo elemento: a animação. Nesse tipo, o uso da linguagem verbalé mais frequente, pois os desenhos ganharam sonoridade, além dos movimentos.
3. CARTUM
O Cartum não tem ligação com fatos da atualidade e não precisa de todo um contexto específico ou época para ser entendido, como acontece com a Charge.
A palavra é uma versão aportuguesada do inglês “cartoon”, que significa "cartão" e tem origem italiana “cartone”. Ou seja, são “desenhos feitos em cartões”.
Surgiu no ano de 1874, em Londres, quando o príncipe Albert promoveu um concurso de desenhos feitos em cartões, para decorar o Palácio de Westminster. Os vencedores teriam seus desenhos colados na parede do palácio. No intuito de satirizar a situação, a revista “Punch” publicou seus próprios "cartoons".
No cartum, normalmente são abordados questões de comportamento humano, mas sem referência a um personagem especifico, pois são atemporais. Abordamtemas universais, a que todo ser humano está sujeito, como fome, sede, injustiça, morte, saúde...
Além disso, usa elementode histórias em quadrinhos, como balões e onomatopeias.
CHARGE
CARTUM
é temporal, com temas específicos da contemporaneidade.
pode usar a imagem de pessoas públicas.
acontecimentos e temas atemporais
não retrata uma personalidade isolada, mas sim a coletividade,
4. Tirinhas
Tirinha é uma sequência de quadrinhos que critica os valores sociais. São semelhantes às histórias em quadrinhos (HQ’s), porém mais curtas. Geralmente é uma narraçãosequenciada pela linguagem verbal e não-verbal.
Assim como as charges, as tirinhas também podem ser encontradas em jornais, revistas e internet.
Elas não possuem necessariamente contexto histórico, mas podem fazer críticas pessoais ou a fenômenos coletivos.
5. CARICATURA
Trata-se de um desenho cujo objetivo é exagerar, atribuindo humor, comicidade e ironia ao objeto caricaturado. Assim como as charges, as caricaturas usam a imagem de pessoas públicas, como artistas e políticos. O exagero das caricaturas servem para acentuar gestos, vícios e comportamentos específicos do indivíduo desenhado.
Do italiano ‘caricare”, significa colocar sentido de exagero, aumentar algo proporcionalmente. Surgiu no século XVII com o pintor Agostino Carracci da Bolonha, que criou uma galeria com caricaturas dos tipos populares da sua cidade.
Pode-se observar que a caricatura é umgênero discursivo que tem se tornado cada vez mais popular. Comumente ela está presente emjornais, revistas, blogs, convites de casamento, festas de aniversário, charges,tirinhas,entre outros suportes ou gêneros discursivos textuais.1
1ARAúJO, Luciana Kuchenbecker. "O que é caricatura?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-e-caricatura.htm. Acesso em 13 de outubro de 2020.