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21 de abr. de 2015

PRONOMES

PRONOMES

São palavras que substituem ou acompanham os nomes na oração. 

Em poucas palavras, evitam repetições, tornam os textos mais enxutos e contribuem para sua continuidade e coerência. 

     Flexionam-se em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (1a, 2a e 3a pessoas do discurso). 

 

Classificam-se como: 

  • Pronome pessoal;

  • Pronome de tratamento;

  • Pronome possessivo; 

  • Pronome demonstrativo;

  • Pronome indefinido;

  • Pronome relativo


Quando substituem o nome, são chamados de PRONOMES SUBSTANTIVOS e, pois exercem a função de substantivo. 
Já quando acompanham um nome, são chamados PRONOMES ADJETIVOS, já que exercem a função de adjetivos. Veja: 

Este é MEU livro. (pronome adjetivo possessivo) 
O livro que sumiu era MEU. (pronome substantivo possessivo)   



 (Página em construção...)

 

 

Pronome relativo

     É aquele PRONOME que liga duas orações, substituindo na 2ª, um termo já expresso na 1ª.   
       Funcionam como complemento verbal
       Se classificam em variáveis e invariáveis:

Variáveis: o(a) qual, os(as) quais, quanto(s), quanta(s), cujo(s), cuja(s).

Invariáveis: que, quem, onde.
  
    Repare que a palavra EMPREGO foi substituÍda pelo pronome QUE. 

     Alguns pronomes relativos devem ser acompanhados de PREPOSIÇÃO, se o verbo que eles antecedem assim exigir. Veja:
 

7 de abr. de 2015

Elementos da narrativa


     A narração é um tipo textual que relata acontecimentos reais ou imaginários, organizados numa sequência temporal. Nela, um acontecimento ou fato causa um efeito, que dá origem a outro fato, e assim por diante, formando o que chamamos de AÇÃO.

   Esse tipo de texto compõe um dos gêneros literários mais fecundos: atualmente existem diversos tipos de textos narrativos que comumente são produzidos e lidos por pessoas de todo o mundo. Entre os mais conhecidos, estão o Romance, a Novela, o Conto, a Crônica, a Fábula, a Parábola, o Apólogo, a Lenda, entre outros.

   "O principal objetivo do texto narrativo é contar algum fato. E o segundo principal objetivo é que esse fato sirva como informação, aprendizado ou entretenimento. Se o texto narrativo não consegue atingir seus objetivos perde todo o seu valor. A narração, portanto, visa sempre um receptor."
ARAÚJO, Ana Paula de. Tipos de textos narrativos. InfoEscola. Disponível em: <https://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-textos-narrativos/>. Acesso em: 18 abr. 2022.

Esse tipo textual é formado pelos seguintes elementos básicos:

Elementos da Narrativa

  • AÇÃO: É a sequência dos fatos ou acontecimentos contados na narrativa. Ela tende a girar em torno de um conflito dramático vivenciado pelas personagens. 
  • FOCO NARRATIVO: É a posição, o ponto de vista a partir do qual o narrador conta a história. Ele pode participar dela, e contá-la em primeira pessoa (eu/nós). Ou narrar de fora da história, sem fazer parte dela, e, nesse caso, manifestar-se em terceira pessoa [ele(a) ou eles(as)];
  • PERSONAGENS: pessoas, animais ou objetos personificados que participam dos acontecimentos, que vivem a história. Podem ser principais e secundários;
  • ESPAÇO: Lugar(es) onde se desenvolvem os acontecimentos.
  • TEMPO: É a época, isto é, quando os fatos acontecem, ou a duração deles. Ele pode ser representado de forma objetiva (tempo cronológico), quando segue uma sequência cronológica, ou de forma subjetiva (tempo psicológico), quando se refere à vivência, às lembranças e memórias, às experiências vividas pelo personagem. 
  • CONFLITO: Oposição, luta entre duas forças, personagens ou situações, "problema" a ser resolvido.

Momentos da narrativa

      Em geral, os acontecimentos de uma narrativa são organizados em quatro momentos, que, em textos em formato de prosa, são distribuídos em parágrafos. Veja:

  • Situação inicial – situação de equilíbrio, geralmente, a introdução da história;
  • Conflito – quebra do equilíbrio, motivo que desencadeia a ação na história, um "problema" a ser resolvido;
  • Clímax – momento de maior tensão do conflito;
  • Desfecho – final e resolução do conflito.

  

Foco narrativo

É o ponto de vista, a perspectiva de quem conta a história. Pode ser em:
  • 1a pessoa: quando o narrador é também personagem, ele participa da história que conta. 
     
  • 3a pessoa: quando o narrador não participa dos acontecimentos.
A escolha do foco narrativo vai determinar o tipo de narrador que teremos na história. 



Tipos de narrador

      O NARRADOR é a voz adotada pelo autor para contar os acontecimentos na ficção. Ele é definido pelo ponto de vista em que a história é contada.

  • Narrador personagem é aquele aquele que conta a história, em 1a pessoa (eu/nós), participando dela também como personagem; Sua maneira de contar é fortemente marcada pela subjetividade, deixando transparecer seu estado emocional diante dos fatos. Como está envolvido diretamente com a história, seu ponto de vista é parcial. Como personagem, pode ser do tipo protagonista ou coadjuvante.

  • Narrador observador ou neutro: não faz parte da história e narra em 3a pessoa (ele/ela[s]), sem participar das ações. Narra com certa neutralidade e imparcialidade, pois não está envolvido diretamente com os fatos e os personagens. Não sabe como os personagens se sentem o o que eles pensam diante dos fatos. O leitor não percebe sua presença;

  • Narrador onisciente: Também conta a história em 3a pessoa, mas sabe tudo sobre os personagens e o enredo. Conhece e narra os pensamentos dos personagens e descreve suas emoções diante dos fatos. Tem um ponto de vista bem amplo, já que narra tudo de fora da história.
 
  • Narrador intruso: Também conta a história em 3a pessoa, já que está fora dela. Apesar de não participar dos acontecimentos, deixa sua marca no texto, falando de seus sentimentos e dando sua opinião sobre os fatos


      Sendo textos que relatam acontecimentos reais ou imaginários, as narrativas podem se apresentar sob a forma de vários gêneros textuais, como contos, histórias em quadrinhos, lendas, fábulas, anedotas entre outros.

       Clique nos títulos abaixo para saber um pouco sobre alguns gêneros: 



ATIVIDADES 

👉🏾 Acesse nossas áginas com atividades sobre este assunto: 


 
FONTES:
  • SOUZA, Cássia Garcia de; CAVÉQUIA, Márcia Paganini.Linguagem criação e interação: 6 o ano 6a ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.59 
  • BORGATTO, Ana Maria Trinconi; BERTIN, Terha Costa Hashimoto; MARCHEZI, Vera Lúcia de Carvalho. Tudo é Linguagem - Língua Portuguesa: 6º ano. 2a Edição. São Paulo: Ed. Ática, 2009. p. 57.
  •  Referência: Linguagens e seus códigos : língua portuguesa e língua inglesa / Antônio Francisco Marques ... [et al.], organizadores.  – [2. ed.] –  São Paulo : Cultura Acadêmica,  2016. 240 p. : il. - (Cadernos dos cursinhos pré-universitários da Unesp)




6 de abr. de 2015

Festival de marchinhas

 Festival de marchinhas


      
     Um dos objetivos desse projeto é resgatar e valorizar a cultura e tradição carnavalesca, fazendo com que os jovens tenham contato com a graça, o charme e alegria da folia festejada nas ruas e embalada por marchinhas que agradam a todos os gostos.

     Os alunos pesquisam a história do Carnaval e de suas Marchinhas. Produzem suas próprias marchinhas, elegem a melhor delas e curtem um lindo baile ao som desse tradicional e animado ritmo!



Acesse os álbuns de fotos: 

Assista aos vídeos com as letras das marchinhas:
    
 

Atividades ligadas ao projeto:  





5 de abr. de 2015

PREPOSIÇÃO


Preposição

     É a palavra INVARIÁVEL que liga dois termos na frase, estabelecendo entre elas uma relação de posse, matéria, causa, finalidade, etc. 

a) Combinação e contração


  • Combinação – Ocorre quando a preposição A se liga ao artigo o(s) ou ao advérbio onde, sem que haja perda sonora.

Vamos AO supermercado? (preposição A + artigo definido O)
Aonde você pensa que vai? (preposição A + advérbio ONDE)

  • Contração – Ocorre quando preposições se unem a artigos ou pronomes, havendo perda de som. 
    • Crase

    Quando a preposição A se une ao artigo A ou aos pronomes a, aquele, aquilo, ocorre um tipo especial de contração, a CRASE. Na escrita, essa contração é indicada com o acento grave. Veja:




    b) Locução prepositiva

    É um grupo de palavras com o valor de preposição.
    O jogador estava diante do gol.

    Fique em frente ao espelho.


    Veja um quadro com algumas preposições e seus valores semânticos:

    d) Preposições e a ambiguidade

    Observe a tira a seguir.
     
  1. Retire da tira a única preposição que há nela:   PARA     
  2. O humor da tira está na ambiguidade causada pelo uso da preposição. Explique:
a) Que ambiguidade é essa?
A mulher queria um produto que exterminasse pulgas, mas o homem entendeu que ela queria algo para oferecer a elas.

b) Porque ocorreu esse equívoco?
Porque a preposição PARA pode ter mais de um sentido, dependendo do contexto em que é empregada.

c) Que outra preposição poderia ser usada, para se desfazer essa duplicidade de sentido?     CONTRA    




REFERÊNCIA:
COSTA, Cibele Lopresti. LOUSADA, Eliane Gouvêa. MARCHETTI, Greta. SOARES, Jairo J. Batista. PRADO, Manuela. Pra Viver Juntos – Língua Portuguesa, 7º ano. 3ª ed. São Paulo: SM, 2012. p. 35


2 de abr. de 2015

SUBSTANTIVO


 (Breve resumo)

I. MORFOLOGICAMENTE,


é a classe de palavras variáveis (variam em gênero, número e grau) usadas para nomear seres e coisas em geral, sentimentos, sensações e ações… 

Podem ser primitivo ou derivado, concreto ou abstrato, próprio ou comum, simples ou composto.


a)Classificação do substantivo

  • Próprio ou comum – João, Brasil / cadeira, flor...
  •  concreto ou abstrato – cadeira, chuva / amor, angústia
  •   simples ou composto – sol, grilo / girassol, tic-tac
  • primitivo ou derivado – sapato>sapataria; flor>floricultura

b)Variações do substantivo

  • Gênero – masculino e feminino;
  • Número – singular e plural;
  • Grau – normal, diminutivo e aumentativo.
Vale lembrar que nem sempre a variação de grau do substantivo indica alteração de tamanho. De acordo com o contexto, o grau pode ser usado para demonstrar afetividade, desdém, satisfação... Observe o uso do diminutivo na tira abaixo.

c)Determinantes do substantivo

     São palavras ou expressões que caracterizam, determinam os substantivos. Podem ser de várias classes gramaticais:
  • adjetivos e locuções adjetivas – ex.: altura ideal, anel de prata;
  • artigos, numerais, pronomes – ex.: a bicicleta, primeira bicicleta, sua bicicleta

d)Substantivação

         É o fenômeno em que palavras de outras classes gramaticais passam a funcionar como substantivos. Isso acontece antepondo-se um artigo a essas palavras. Veja: 
O jantar de gala será esta noite. (verbo substantivado)
Espero um sim como resposta! (advérbio substantivado)
O cínico nem me olhou nos olhos! (adjetivo substantivado)

 

II. SINTATICAMENTE,

os substantivos exercem as funções substantivas: núcleo do SUJEITO, do OBJETO, do COMPLEMENTO NOMINAL, do AGENTE DA PASSIVA, do PREDICATIVO DO SUJEITO, do aposto e do vocativo.


Veja:





ATIVIDADES

1 de abr. de 2015

Conto

CONTO

Conto "Restos de carnaval", de Clarice Lispector

É uma narrativa curta, cujo enredo desenvolve-se em torno de um único conflito. Esse conflito cria uma situação de tensão, que domina quase toda a narrativa e prende a atenção do leitor até o desfecho.


Momentos da narrativa em um conto

  • Situação inicial - Ambientação da história, com rápida apresentação dos fatos, cenário, personagens. É uma situação de calmaria. 
  • Conflito - quebra da calmaria inicial, com o surgimento de um "problema". Esse problema vai se desenvolver durante quase todo o conto. 
  • Clímax - Momento de máxima tensão da narrativa, é o auge do "problema". Algo do tipo "pior, não fica!"   
  • Desfecho - Resolução do conflito, logo após o clímax. Geralmente rápido e inesperado.

     Dentre os tipos mais conhecidos, temos os Contos de Fadas, os Contos Fantásticos, os Contos de mistério e de terror... Cada um deles tem sua especificidade quanto à linguagem, à temática, à época e lugar onde as histórias se passam, aos tipos de personagens. Mas todos eles seguem a mesta estrutura narrativa: o "problema" se desenrola durante quase toda a história e rapidamente se resolve ao final, dando um susto no leitor! 



🎧  Ouça nosso podcast sobre Gêneros textuais e não se confunda mais! 😉 🔊


📝 Leia mais sobre contos em Contos de Terror, Gêneros Textuais,  Elementos da narrativa.





A seguir, temos atividades com o conto “Restos de carnaval”, de Clarice Lispector. 


Restos do carnaval

Clarice Lispector
Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.
Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com as quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu apelo mudo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - à ideia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho, que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos, já lisos, de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.
Conto publicado no livro Felicidade Clandestina, Ed. Rocco (http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/restos-carnaval-clarice-lispector-634375.shtml , acessado em 5/2/15)
 
 D1 – Localizar informações explícitas em um texto; D7 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. 

1. Quem é o narrador da história? A menina que a viveu.
 
2. O conto gira em torno de um conflito. Que conflito é esse? Justifique sua resposta com passagens do texto.
O desejo da menina de fazer do carnaval, que ela tanto gostava, mas pouco participara.E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava?” No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. “
 
3. Identifique, no texto, os parágrafos que marcam:
a) situação inicial: 1o parágrafo
b) Conflito: 2o ao 5o parágrafo
c) Clímax: 6o ao 10o parágrafo
d) Desfecho: 11o parágrafo

4. Que idade tinha a personagem principal do texto quando os fatos aconteceam? Como você soube disso?
Ela tinha 8 anos. Isso pôde ser observado na passagem “à ideia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos...”

5. Retire do texto trechos que indiquem como a menina se sentia com relação ao carnaval.
E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava?”
Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.

 6. Que importância a maquiagem tinha para a menina? Justifique sua resposta com passagens do texto.
Ela queria sair da infância e tornar-se logo uma moça. Maquiada, ela se sentia menos criança e mais moça: “eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.”
o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil “

7. Observe: “Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto...Esse trecho mostra que o narrador-personagem conta os fatos em um tempo diferente do acontecido. Em que momento da vida da protagonista ocorreram os fatos narrados?
Na infância dela.


8. Em que momento da vida da protagonista ela nos conta sua história? Justifique com passagens do conto.
A protagonista já é adulta quando narra os fatos. “ este me transportou para a minha infância”; “Nunca tinha ido a um baile infantil...”; “eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável “

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