Você sabia que a Literatura de Cordel é patrimônio cultural do Brasil desde 2018? Entre versos, rimas e cantoria, a Literatura de Cordel é uma expressão cultural popular que abrange não apenas as letras, mas também a música e a ilustração. É um gênero literário, veículo de comunicação, ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cidadãos brasileiros: poetas, declamadores, editores, ilustradores e folheteiros.
Neste cordel, do paraibano Chico Salles (1951 - 2017), cordelista, cantor, compositor, conta a história de um sujeito que teve sonho confirmado pela previsão de uma cartomante, sobre o dia e a hora de sua própria morte. O conflito gira em torno da agonia vivida por ele desde o encontro com a cartomante, até o fatídico dia marcado para sua morte. 👻
Ficou curioso? Leia o cordel para saber o que acontece! ☺️
Ao final, tem até algumas atividades de compreensão e análise do poema. 😉
A HORA DA MORTE
Chico Salles
Esta primeira história Me contou Jota Canalha Afirmando ser verídica Se deu em Maracangalha O conto do Carochinho Foi com Nelson Cavaquinho Que se passou a batalha.
O sujeito teve um sonho Do dia em que morreria Seria na terça-feira Vinte oito era o dia Do primeiro fevereiro Já estava em janeiro Começou sua agonia.
No dia seguinte do sonho Procurou a cartomante Que confirmou a história Ele mudou de semblante Dizendo-lhe até o horário Marcando no calendário Ali naquele instante.
Seria às vinte e três horas Reafirmou com certeza O cara saiu dali Carregado de tristeza Murmurando repetia Meu Deus mais que agonia Mostre-me sua grandeza.
E com o passar dos dias Aumentava a aflição Ele cheio de saúde | E naquela situação Meu Deus o que faço agora Passava outra aurora E nada de solução.
Quando chegou fevereiro Seu peito alto batia Procurou um hospital E na cardiologia Naquela dúvida infame Fez tudo o que é exame Até radiografia.
Fez exame de esforço Urina e colesterol Também exame de sangue E fezes estavam no rol Teve no ácido úrico Um resultado telúrico Feito isca no anzol.
A saúde era perfeita Não tinha nem dor de dente Ficou um pouco animado Mais ou menos sorridente Outra semana passou O calendário voou Deixando-lhe impaciente.
Até que chegou o dia Daquela interrogação Foi então dormir mais cedo, Mas sua imaginação Resolveu naquele instante Tomar um duplo calmante Haja, haja coração. | O relógio despertador Em cima de uma banqueta Ele embaixo do lençol Aquela triste faceta Um minuto era um mês Olha o relógio outra vez Batendo feito o capeta.
Depois, se passar das onze Ele estaria salvo Daquela situação Não seria mais o alvo Mas o tempo é assim Quando quer fazer pantin Não dá nem um intervalo.
Passava das dez e meia Quando chegou o destino Bateu na sua cabeça Feito badalo de sino Ali naquele momento Veio no seu pensamento Sair daquele pepino.
Pegou o despertador Atrasou em quatro horas Em seguida adormeceu Feito anjos na aurora. Isto já faz vinte anos Vivinho e cheio de planos Nem pensa em ir embora. |
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✏️✏️✏️ ATIVIDADES ✏️✏️✏️
Habilidades do CRMG: EF67LP28X, EF69LP47B, EF89LP37X
Descritores do SAEB: D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão; D4 – Inferir uma informação implícita em um texto; D6 – Identificar o tema de um texto; D16 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
O cordel “A hora da morte” é uma narrativa. O narrador é:
( ) Personagem ( ) Ele conta apenas o que observa. ( ) Ele conta e participa da narrativa.
“A hora da morte” é narrado na ordem.
( ) Cronológica, pois a narrativa vai do fato mais antigo para o mais recente.
( ) Psicológica, pois este não apresenta uma ordenação natural ou sequencial dos acontecimentos
O assunto do texto é:
( ) A saúde de um homem.
( ) Por meio de um sonho e da previsão de uma cartomante, um homem fica sabendo o dia e a hora de sua morte.
( ) A confirmação da cartomante do dia da morte de um homem.
Em um dos versos do cordel, é dito que “o calendário voou”. (Responda NO CADERNO)
a) O substantivo calendário foi usado em sentido comum ou figurado nesse contexto?
b) Ao dizer que “o calendário voou”, o que o texto do cordel dá a entender?
Metáfora é uma figura de linguagem que usa uma palavra ou expressão para criar uma comparação, mas sem usar elementos comparativos: transfere-se as características de um elemento para outro, transformando um no outro.
Nos versos “Outra semana passou / O calendário voou”, há uma metáfora, pois a rápida passagem do tempo é comparada implicitamente à ação de voar.
Como ficaria essa metáfora se fosse transformada em uma comparação?
Em sua opinião, no contexto do poema, por que o cordelista escolheu usar uma metáfora e não uma comparação?
A palavra ou expressão empregada com sentido exagerado para enfatizar uma ideia ou um sentimento é chamada de hipérbole.
6. Enquanto esperava a morte, o homem achava que “um minuto era um mês”. Que sensação do personagem esse exagero exprime? Explique.
7. No verso "Adormeceu feito anjos na aurora", temos que figura de linguagem? Explique.
📝 GABARITO 📝
( ) Ele conta apenas o que observa.
( ) Cronológica, pois a narrativa vai do fato mais antigo para o mais recente.
Por meio de um sonho e da previsão de uma cartomante, um homem fica sabendo o dia e a hora de sua morte.
a) No trecho "o calendário voou", o termo destacado foi empregado em sentido figurado, já que não se refere a um calendário de fato, mas sim à ideia de tempo.
b) A intenção é expressar que o tempo passou muito rápido.
a) Para transformar essa metáfora numa comparação, é preciso acrescentar um conectivo comparativo (como). Assim: "O tempo passou muito rápido como se voasse".
b) No contexto do poema, o autor preferiu a metáfora, já que esse recurso dá mais concisão aos versos, o que é importante para o ritmo do poema.
Sensação de agonia, ansiedade, medo. Pois o tempo parece demorar para passar muito mais que o costume, por isso, ele usa a hipérbole.
7. Nesse verso, o personagem é comparado explicitamente a um anjo. Explicitamente por causa da palavra "feito", que é equivalente a "como" ("Adormeceu como anjos na aurora"). Logo, temos a figura de linguagem comparação.
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