Texto literário e não literário
O texto literário é uma construção textual que usa uma linguagem própria, chamada de literária. Ele é SUBJETIVO, pois reflete a maneira de o artista enxergar a realidade, e INTANGÍVEL, porque não pode ser resumido, já que perderia todo o seu encanto.
Por ela, os autores e poetas utilizam a LINGUAGEM CONOTATIVA (sentido figurado), com palavras e expressões que fogem do sentido habitual, com significado diferente do original, que depende de todo um contexto para ser interpretada.
Essa linguagem expressa o que o artista não consegue por meio das palavras em seu sentido real. Assim, é comum encontrarmos diversas figuras de linguagem em suas produções.
Nesse contexto, vê-se que o texto literário não tem o objetivo de informar, mas sim, de entreter, de fazer refletir, de expressar as emoções de quem o produz. Isso faz com que haja predominância da função poética/emotiva.
Alguns exemplos de textos literários: peças teatrais, romances, poesias, contos, fábulas, crônicas...
Texto não-literário
Já o texto não-literário tem como objetivo informar, esclarecer, explicar, ou seja, pretende ser útil ao leitor. Por isso, usa uma linguagem chamada "utilitária", que é clara e objetiva. As palavras e expressões estão em SENTIDO DENOTATIVO, isto é: em sentido real, tal qual se encontram no dicionário.
Por isso, a função de linguagem predominante é a referencial.
Alguns exemplos são os artigos científicos, as notícias, os textos didáticos, entre outros.
Texto 1 - literário | Texto 2 - não-literário |
Subjetivismo (visão do sujeito); Função: despertar emoção, estranhamento, entreter… Linguagem conotativa: sentido figurado; Função poética/função emotiva; Linguagem figurada, polissêmica e plurissignificativa; Caráter fictício, imita a realidade;
| Objetivismo; Função: informar; Linguagem denotativa: sentido do dicionário; Função referencial; Linguagem clara, precisa e objetiva; Retrata acontecimentos reais;
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ATIVIDADES
D9 – Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros; D15 –
Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que
tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e daquelas
em que será recebido.
CANÇÃO AMIGA Eu preparo uma canção, em que minha mãe se reconheça todas as mães se reconheçam e que fale como dois olhos. [...] Aprendi novas palavras E tornei outras mais belas. Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças. ANDRADE, C. D. Novos poemas. Rio de Janeiro: Jose Olympio, 1948. (fragmento). | (ENEM 2009) A linguagem do fragmento foi empregada pelo autor com o objetivo principal de:
a) transmitir informações, fazer referência a acontecimentos observados no mundo exterior. b) envolver, persuadir o interlocutor — nesse caso — o leitor, em um forte apelo a sua sensibilidade. c) realçar os sentimentos do eu lírico, suas sensações, reflexões e opiniões frente ao mundo real. d) destacar o processo de construção de seu poema, ao falar sobre o papel da própria linguagem e do poeta. e) manter eficiente o contato comunicativo entre o emissor da mensagem, de um lado, e o receptor — de outro. |
(ENEM 2009.1)
Texto I Ouvir estrelas “Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, que, para ouvi-las, muita vez desperto e abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda noite, enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto, inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas?” Que sentido tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas”. (BILAC, Olavo. Ouvir estrelas. In: Tarde, 1919) | Texto II Ouvir estrelas Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo que estás beirando a maluquice extrema. No entanto o certo é que não perco o ensejo De ouvi-las nos programas de cinema. Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo que mais eu gozo se escabroso é o tema. Uma boca de estrela dando beijo é, meu amigo, assunto p’ra um poema. Direis agora: Mas, enfim, meu caro, As estrelas que dizem? Que sentido têm suas frases de sabor tão raro? Amigo, aprende inglês para entendê-las, Pois só sabendo inglês se tem ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas. (TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: Becker, I. Humor e humorismo: Antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961) |
A partir da comparação entre os poemas, verifica-se que:
A) no texto de Bilac, a construção do eixo temático se deu em linguagem denotativa (figurada), enquanto no de Tigre, em linguagem conotativa (real, no sentido de dicionário).
B) no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes, e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis aos que as ouvem e as entendem.
C) no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais trabalhada, como se observa no uso de estruturas como “dir-vos-ei sem pejo” e “entendê-las”.
D) no texto de Tigre, percebe-se o uso da linguagem metalinguística no trecho “Uma boca de estrela dando beijo/é, meu amigo, assunto p’ra um poema.”
E) no texto de Tigre, a visão romântica apresentada para alcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe de seu poema com a recomendação de compreensão de outras línguas.
GABARITO: 1. d; 2. d
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