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5 de jun. de 2022

Funções da Linguagem

    Como vimos, usamos diversos tipos de signos verbais e visuais (linguagem verbal e não verbal) no processo de comunicação. Outro ponto que fica em evidência na situação comunicativa é a finalidade, o objetivo com que as mensagens são criadas e emitidas. Daí, surgem as funções da linguagem

Cada uma desempenha um papel relacionado com os elementos presentes na comunicação: emissor, receptor, mensagem, código, canal e contexto. Assim, elas determinam o objetivo dos atos comunicativos.



Segundo o linguista russo Roman Jacobson (1896 - 1982), existem seis funções de linguagem: referencial, emotiva, conativa, fática, poética e metalinguística. A importância desse estudo é a compreensão do funcionamento da linguagem, observando como os mecanismos linguísticos fazem da comunicação algo tão essencial em nossas vidas. 


  • metalinguística: a linguagem está centrada no código, ou seja, na própria língua. O objetivo é usar a linguagem para falar dela mesma. Ela está presente em nosso cotidiano em situações criadas por nós mesmos. Por exemplo, quando usamos um poema para falar de poesia, ou quando não entendemos o que nos foi dito e iniciamos uma discussão sobre a situação…  



  • Função Referencial ou Denotativa - Também chamada de função informativa, ela tem como objetivo principal informar, referenciar algo e está focada no CONTEXTO. Esse tipo de texto é escrito na terceira pessoa (singular ou plural) enfatizando seu caráter impessoal, sempre com uma linguagem denotativa, sem subjetividade ou emoção. Ex.: textos didáticos, jornalísticos, científicos… 


  • Função Emotiva ou Expressiva - Também chamada de função expressiva.  Nela, o emissor tem como objetivo principal transmitir suas emoções, sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião. Já que possui um caráter pessoal, é escrito em primeira pessoa e está focado no EMISSOR, apresentando uma pontuação bem expressiva. Ex.: textos poéticos, diários, cartas…


  • Função Poética - é característica dos textos literários, pelo uso do sentido conotativo da palavra, carregado de significados. O emissor se preocupa em compor a mensagem com a escolha certa de palavras e expressões. Assim, o foco está na MENSAGEM. Mas esta função não está presente somente em textos literários. Também a encontramos na publicidade ou nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas e outras figuras de linguagem (provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas...)


  • Função Fática - tem como objetivo estabelecer ou interromper a comunicação, de modo que o mais importante é a relação entre o emissor e o receptor da mensagem. Aqui, o foco está no CANAL de comunicação. Ela é muito utilizada nos diálogos, por exemplo, nas expressões de cumprimento, saudação, discursos ao telefone, etc.



  • Função Conativa ou Apelativa - tem uma linguagem persuasiva, quer convencer o leitor. Por isso, o grande foco é no RECEPTOR da mensagem. É muito usada nas propagandas e discursos políticos, para influenciar o receptor por meio da mensagem transmitida. Então, costuma vir acompanhada de verbos no imperativo e do uso do vocativo, para chamar a atenção do receptor. 



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📝 ATIVIDADES  📝


 1. Leia os textos que se seguem e classifique as funções de linguagem.

a) E nunca mais chega o dia 18 de setembro… Estou em pulgas! É a primeira vez que vou entrar na cidade do Rock!! __________________________

b) "Há menos de um mês para a realização de mais um Rock in Rio, a organização do super-festival carioca divulgou uma lista de itens considerados proibidos - e que serão bloqueados na revista realizada por seguranças em cada pessoa que quiser entrar na Cidade do Rock." (26 de Agosto de 2015, in Estadão) ___________________________

c) Rock in Rio 2013. Eu vou. _______________________________


2. (ENEM 2013)

Lusofonia

rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz. 

Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada 

no café, em frente da chávena de café, enquanto 

alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este 

poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra 

rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então, 

terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café, 

a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga 

que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não 

fique estragada para sempre quando este poema atravessar o

atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo

sem pensar em áfrica, porque aí lá terei 

de escrever sobre a moça do café, para 

evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é 

uma palavra que já me está a pôr com dores 

de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria 

era escrever um poema sobre a rapariga do 

café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a 

escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma 

rapariga se pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão. 

JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.

O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se pela:  

  1. discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no mundo contemporâneo. 

  2. defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do século XX. 

  3. abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para assuntos rotineiros. 

  4. tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra. 

  5. valorização do efeito de estranhamento causado no público, o que faz a obra ser reconhecida.


3. (ENEM/MEC) 

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma outra não prevista.

 LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993. 

Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de o texto

a) ressaltar a importância da intertextualidade. 

b) propor leituras diferentes das previsíveis. 

c) apresentar o ponto de vista da autora. 

d) discorrer sobre o ato de leitura. 

e) focar a participação do leitor. 


4. Leia o trecho a seguir e responda ao que se pede

(...) Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos --- sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] 

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 

a) Com base nesse trecho do livro A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, escreva, os verbos que evidenciam a metalinguagem no texto. 

b) Esse trecho foi retirado do início do livro em questão. Em sua opinião, o que a metalinguagem desse trecho pode antecipar sobre a história que será contada?​


5. (Enem/MEC 2017)  

Um conto de palavras que valessem mais por sua modulação que por seu significado. Um conto abstrato e concreto como uma composição tocada por um grupo instrumental; límpido e obscuro, espiral azul num campo de narcisos defronte a uma torre a descortinar um lago assombrado em que o atirar uma pedra espraia a água em lentos círculos sob os quais nada um peixe turvo que é visto por ninguém e no entanto existe como algas do oceano. Um conto-rastro de uma lesma também evento do universo qual a luz de um quasar a bilhões de anos-luz; um conto em que os vocábulos são como notas indeterminadas numa pauta; que é como bater suave e espaçado de um sino propagando-se nos corredores de um mosteiro […]. Um conto noturno com a fulguração de um sonho que, quanto mais se quer, mais se perde; é preciso resistir à tentação das proparoxítonas e do sentido, a vida é uma peça pregada cujo maior mistério é o nada.

SANT’ANNA, S. Um conto abstrato. In: O voo da madrugada. São Paulo: Cia. das Letras, 2003.

Utilizando o recurso da metalinguagem, o narrador busca definir o gênero conto pelo procedimento estético que estabelece uma

  1. confluência de cores, destacando a importância do espaço.

  2. composição de sons, valorizando a construção musical do texto. 

  3. percepção de sombras, endossando o caráter obscuro da escrita. 

  4. cadeia de imagens, enfatizando a ideia de sobreposição de sentidos. 

  5. hierarquia de palavras, fortalecendo o valor unívoco dos significados


6. Leia a seguir uma tirinha de Calvin, personagem criado pelo quadrinista americano Bill Waltterson.

  1. Identifique a palavra que é interpretada de maneiras diferentes por mãe e filho. 

  2. Com que finalidade a mãe atribui um significado diferente a essa palavra? 

  3. Explique a fala de Calvin no último quadrinho. 


REFERÊNCIAS: 



GABARITO

  1. 1. a) Função Emotiva ou Expressiva.

    b) Função Referencial ou Denotativa.

    c) Função Conativa ou Apelativa.


  1. 2. O caráter metalinguístico do texto revela-se pela tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra, que seria sobre a rapariga sentada no café, que daria problemas pelas diversas interpretações que o vocábulo rapariga assume em diferentes variedades regionais. RESPOSTA CORRETA: tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra.

  2. 3. D - A metalinguagem utiliza a própria linguagem para evidenciar o texto. A autora discorre sobre o ato de ler para chamar a atenção do leitor sobre a importância da leitura.

  3. 4. a) Verbos que indicam a metalinguagem do texto: "escrever", "história", "escrevo", "escrevendo".

b) A metalinguagem no texto pode sugerir que a autora reflete sobre sua própria escrita, já escrevendo. 

  1. 5. D - Como define o enunciado, o texto busca explicar e definir o que é um conto através dele próprio, sendo um recurso de metalinguagem. Assim, a cadeia de imagens gerada através da descrição de cada “fazer do texto” proporciona uma visão poética sobre o procedimento. (metalinguagem, poesia, interpretação)





      


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